Boas Práticas de Refrigeração II: Startup e Comissionamento
Startup: é a fase em que o equipamento será colocado em funcionamento pela
primeira vez. Considerada uma fase crítica, é imprescindível que seja seguido o
check-list de partida do fabricante, pois um procedimento errado pode ocasionar
a perda de garantia ou até mesmo sérios danos ao equipamento. A fase de startup
também inclui o preenchimento de uma ficha com todos os dados do equipamento
, data de partida, pressões, voltagem, corrente, superaquecimento, subresfriamento e demais observações, que vão servir como base em futuras manutenções. Abaixo, o resumo de algumas boas práticas que podem ser seguidas durante o startup:
, data de partida, pressões, voltagem, corrente, superaquecimento, subresfriamento e demais observações, que vão servir como base em futuras manutenções. Abaixo, o resumo de algumas boas práticas que podem ser seguidas durante o startup:
1- Condições gerais: verifique se toda a embalagem do equipamento foi
removida e se os parafusos e travas de transporte estão ausentes. Nos
manipuladores de ar, verifique a instalação dos filtros, observe se os
ventiladores estão rodando livres, e se houver, verifique o alinhamento das
polias e o correto aperto das correias. Remova do equipamento todos os
certificados, notas e manuais que o acompanham.
2- Vácuo: a evacuação garante a eliminação de qualquer
partícula de umidade no sistema, sendo primordial antes da carga de gás
refrigerante. Um vácuo eficiente deve atingir 500 microns ou menos e ser
aplicado em todo o sistema através das linhas de líquido e sucção, exceto
transdutores de pressões que não admitem pressões negativas. Além disso, o
sistema deve manter o percentual de vácuo atingido quando a bomba for
desligada, caso contrário verifique novamente a presença de vazamentos.
Importante: a dificuldade em atingir o valor desejado de vácuo por não estar
relacionado diretamente com vazamentos no sistema, pode ser o caso de bomba de
vácuo ineficiente, mangueiras sem o aperto necessário ou vazamentos no próprio
manifold. A quebra do vácuo é efetuada com adição do próprio gás refrigerante
no tanque ou linha de líquido.
3- Energia: antes de energizar o equipamento pela primeira
vez, verifique com o projeto em mãos: a capacidade dos fusíveis, disjuntores,
transformadores, contatoras, aterramento do sistema e as bitolas de fios e
cabos. Verifique o aperto em cada conexão e terminal, procure por fios soltos
ou danificados. Na tampa dos compressores do tipo semi-herméticos, verifique se
a montagem do barramento está conforme a voltagem do sistema. Após energizar,
certifique-se que a voltagem que chega ao disjuntor principal está dentro do
esperado, podendo ter uma pequena tolerância de 10% para mais ou menos da
tensão nominal.
4- Resistência do cárter: é essencial o seu funcionamento por 24 horas
antes do startup do compressor. Depois disso, a resistência do cárter deve
operar em um ciclo contrário ao do sistema, ou seja, deve ser energizada com a
parada do compressor e desenergizada com o funcionamento do mesmo. Este ciclo
de operação mantém as propriedades do óleo lubrificante e evita que o gás
refrigerante migre para o compressor com o sistema desligado. Quando o
refrigerante retorna ao compressor desligado, ele se mistura com o óleo
mantendo o compressor 'cheio' durante a próxima partida, podendo ocasionar
sérios danos no mesmo. Nos compressores do tipo scroll as resistências são
externas e do tipo abraçadeiras, verifique o correto aperto. Nos compressores
de pistão, as resistências são introduzidas abaixo do cárter e são do tipo
haste, verifique o correto encaixe. Por último verifique na resistência se a
potência é compatível com o tamanho do compressor e se a voltagem é compatível
com o sistema.
5- Carga de gás: com o equipamento ainda desligado, o
refrigerante deve ser introduzido no sistema pela linha de líquido, carregando
o reservatório com a maior quantidade possível de refrigerante na forma
líquida. Uma balança pode ser usada para tomar nota da quantidade inserida no
sistema. Após a partida do compressor, a carga de gás refrigerante é
transferida para a linha de sucção, onde só pode ocorrer com o compressor em
funcionamento para evitar o golpe de líquido. A carga de gás ideal no sistema é
alcançada com base nas pressões de descarga e sucção, superaquecimento e
subresfriamento, corrente do compressor e eliminação de bolhas no visor de
líquido.
Comissionamento: é o processo pós startup que visa a entrega do
sistema dentro dos níveis requeridos pelo projeto. O processo inclui a
verificação de todo o projeto e a sua respectiva instalação, testes e ajustes
operacionais, instrução aos usuários e operadores do sistema, verificação dos
parâmetros e a entrega da documentação técnica. Abaixo, o resumo de algumas
boas práticas que podem ser seguidas durante o comissionamento:
1- Pressostatos: possuem a função de controle e monitoramento de
pressões, bem como criam formas de introduzir meios de automação e segurança
nos sistemas de refrigeração. Existem dezenas de tipos de pressostatos para
diferentes aplicações. Observe se o instalado atende o sistema, se o range está
dentro das pressões de trabalho do compressor e ainda se o local de leitura das
pressões está correto. Ajuste o pressostato de baixa e o diferencial de acordo
com a necessidade do compressor, se o pressostato de baixa for responsável pelo
liga/desliga do compressor, verifique se há rearme automático. Em pressostatos
de alta pressão para sistemas de refrigeração e ar-condicionado regule para o
desarme de alta no máximo em 400 psi, recomendo 350 psi.
2- Condensadores: nos condensadores a água verifique se as
pressões e fluxo de água da entrada e saída do condensador estão de acordo com
os requisitos do projeto. Se houver uma válvula de alivio para altas pressões
de refrigerante certifique que está de acordo com as pressões de trabalho do
sistema e que não dispare em condições normais de operação. Observe e regule se
necessário à válvula três vias que controla a entrada de água no condensador,
verifique também se está correto o ponto de leitura de pressão da válvula, que
deve ser na linha de descarga do gás refrigerante. Nos condensadores a ar,
verifique o sentido de rotação dos ventiladores, sempre puxando o ar ambiente
por dentre o trocador de calor e jogando o ar quente para fora. Observe também
os ajustes das pás dos ventiladores e se possuem rotação livre. Olhe em torno
do condensador e remova possíveis obstruções na entrada do ar ambiente e na
saída do ar.
Da mesma forma, o balanceamento de ar
nas linhas de dutos garante a distribuição uniforme em todos os difusores do
conjunto. Antes de balancear o sistema de distribuição de ar, verifique se
todos os ventiladores estão funcionando e com os devidos filtros instalados.
Mantenha os dampers e difusores abertos, procure por fugas de ar no equipamento
e nas de linhas de dutos. Tanto no balanceamento de água como no de ar, ao
ajustar um ponto todos os outros também ganham ou perdem fluxo, mesmo que
minimamente. Por isso, o processo de balanceamento deve ser repetido, quantas
vezes forem necessárias até o momento em que todos os pontos atingirem os
níveis mínimos requeridos pelo projeto.
4- Superaquecimento e subresfriamento: a Bitzer cita o superaquecimento em seu Boletim
da Engenharia N°20 como sendo um mal necessário para o sistema frigorífico, e é
exatamente isso! É preferível perder um pouco de rendimento no sistema do que
injetar liquido na sucção e ocasionar a quebra do compressor. Por outro lado,
um superaquecimento muito alto joga o rendimento do sistema lá em baixo, sem
contar o aumento do consumo de energia e a elevação da temperatura de descarga,
podendo comprometer as propriedades do óleo lubrificante.
Por usa vez, o subresfriamento garante
que o refrigerante chegue na forma líquida na válvula de expansão, eliminando o
risco de flash gás, que também gera uma perda considerável de rendimento do
sistema. Por tanto os ajustes de superaquecimento e subresfriamento são partes
importantes e necessárias durante o comissionamento do sistema, onde o mecânico
ou técnico de refrigeração deve aplicar os seguintes valores:
Superaquecimento útil: 3 à 7K.
Superaquecimento total: 8 à 20k.
Subresfriamento: 3 à 5K.
5- Identificação e manuais: é importante que todo o sistema contenha
identificações claras e visíveis quanto ao tipo de gás refrigerante, óleo
lubrificante e a voltagem do sistema. Avisos de segurança também são
importantes indicando partes móveis ou o perigo de alta voltagem. A conclusão do
comissionamento ocorre com a instrução do usuário final do sistema e a entrega
do book de manuais que deve conter: todos os manuais do sistema, as fichas
devidamente preenchidas do startup e uma cópia completa do projeto de
instalação.
Fontes consultadas:
Balancing of a water and air system –
Roger D. Holder. Trane
Instruções de Instalação.
Danfoss.
Manual de Instalação - Sistemas de
Refrigeração. HeatCraft.
Boletim da Engenharia N°20.
Bitzer.
Crankcase Heaters. Application Bulletin N°135. Bristol Compressors.
Crankcase Heaters. Application Bulletin N°135. Bristol Compressors.
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Até a próxima!
Créditos: Linkedin - Rafael Reinert
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