Boas Práticas de Refrigeração III: Manutenção
Como bem sabemos, a manutenção em dia (preventiva) de um sistema HVAC
vai muito além de apenas manter o sistema em funcionamento, mais que isso,
garante segurança, saúde e eficiência para o usuário final e ao proprietário.
Mas no mundo real nem sempre é assim, na maioria das vezes o refrigerista tem
que atuar de forma brusca, mas ao mesmo tempo técnica para encontrar o
problema, soluciona-lo e pôr o sistema de novo em funcionamento
(corretiva).
Segue abaixo 10 boas práticas de refrigeração para
serem aplicadas durante as manutenções.
1) Segurança: todos
os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e executados de
acordo com os procedimentos da NR-10: a desenergização com bloqueio e
sinalização, utilização adequada dos epi's/epc’s e a execução somente por
profissionais treinados, qualificados e com a devida autorização. Além disso,
dependendo do tipo e local do sistema de refrigeração em manutenção, se faz
necessário seguir os procedimentos de outras normas regulamentadoras, como por
exemplo, o trabalho em altura (NR-35) e o trabalho com vasos de pressão
(NR-13).
2) Suprimentos: verifique a disponibilidade e compatibilidade dos itens que você possui
antes de iniciar a manutenção. Caso o novo item que pode ser, por exemplo,
um compressor, não seja o exato modelo do anterior, verifique: a capacidade,
gás refrigerante, óleo lubrificante, bitolas da tubulação, dimensões, voltagem,
corrente, frequência e etc. Tenha certeza que você tem tudo em mãos para a
conclusão do trabalho, inclusive os materiais consumíveis, ferramentas e
epi's.
3) Filtro secador: sempre que houver uma quebra na estanqueidade do
sistema, ou seja, a abertura, corte ou rompimento das tubulações é necessário a
troca do elemento filtrante na linha de líquido. A regra também é válida para a
substituição de componentes e troca de óleo, nestes casos sempre considere a
troca do filtro secador. O secador deve ser substituído também quando o visor
de líquido indicar umidade ou sujeira no sistema. A correta instalação do
filtro secador se dá na linha de líquido, após o condensador e antes do visor
de líquido e válvula de expansão.
4) Compressor queimado: quando um compressor 'queima' e excede seus limites de
temperatura, o efeito pode causar a liberação de partículas e contaminantes ao
longo das linhas, incluindo ácidos. Por isso, é necessário um procedimento
completo de limpeza do circuito: abra, verifique e limpe as válvulas de
expansão, solenóides e retenção, onde provavelmente há resíduos da queima do
compressor que impediram o seu correto funcionamento. Antes da instalação do
novo compressor, faça uma limpeza/sopro das linhas com um agente de limpeza
(R-141b, por exemplo) ou nitrogênio, tendo certeza que o óleo do antigo
compressor seja completamente removido do sistema. Por último instale o filtro
secador, filtro de sucção se houver e o novo compressor. Acompanhe o sistema
nas quatro primeiras horas, faça um teste de acidez do óleo com um kit
especifico e substitua o filtro secador caso a pressão de sucção caia
excessivamente. Se não houver grandes problemas após 48 horas de funcionamento,
substitua pela última vez os secadores e o óleo para concluir o processo.
5) Vazamentos: mesmo
que o sistema aparente um bom funcionamento, faça um pente fino a procura de
vazamentos. A ferramenta ideal para esta tarefa são os detectores de vazamento
portáteis que podem detectar até um milionésimo de um grama de refrigerante das
principais famílias: CFC, HCFC, HFC e HFO. Caso o refrigerista não possua uma
ferramenta como esta, que por sinal ainda é caro, o bom e velho borrifador com
água e sabão ainda funciona. Recomendo utilizar detergente com glicerina, que
aumenta a elasticidade das bolhas durante o vazamento sendo mais fácil detectar
os pequenos vazamentos. É importante a verificação das condições de cada
válvula de acesso schrader, dando o aperto necessário ou substituindo a válvula interna. As
tampinhas de vedação das scharaders costumam
sumir, devendo o refrigerista ter um estoque extra para completar as
faltantes.
6) Retrofit do refrigerante: ainda é comum encontrarmos sistemas operando com R-22
ou outros fluídos que estão em processo de substituição pelo Protocolo de
Montreal. Se houver a oportunidade, aproveite para fazer um retrofit do
refrigerante, que em sua maioria exige poucas alterações no sistema. No site da
Chemours Brasil há vários guias completos de retrofit, entre eles opções bem
definidas para substituição do R-22 com todas as diretrizes para a conversão,
segue os links:
Opção 1: Substituindo o R-22 (HCFC) pelo R-438A
(HFC).
Opção 2: Substituindo o R-22 (HCFC) pelo R-449A
(HFO).
No final do processo, não se esqueça de rotular o
sistema com informações sobre o novo gás refrigerante.
7) Meio ambiente: o refrigerista também tem responsabilidade junto ao
meio ambiente, devendo aplicar as boas práticas de refrigeração em cumprimento
das normas que o Brasil assumiu diante do Protocolo de Montreal. Além do
retrofit para eliminação dos HCFC como citado no item acima, o técnico/mecânico
de refrigeração deve atuar de forma a eliminar a liberação de gás refrigerante
no ambiente. A liberação desenfreada causa degradação da camada de ozônio,
através dos refrigerantes da família HCFC e contribui para o aquecimento global
através dos refrigerantes da família HFC. Portanto, o refrigerista deve
recolher, armazenar e enviar o refrigerante indesejado a uma central regional
de reciclagem e regeneração de fluídos refrigerantes. Procure no link abaixo a
central mais próxima de você:
8) Limpeza e organização: uma boa limpeza nos aletados dos trocadores de calor
(evaporador e condensador) pode trazer de volta o rendimento original do
sistema. Dependendo do tamanho e das condições do trocador de calor, utilize
água, produtos específicos ou até mesmo um simples pincel. Aproveite a
desenergização para colocar no lugar todos os fios soltos, eliminar as emendas
e dar uma boa repaginada no quadro elétrico. Também sempre há aquele isolamento
tubular em péssimas condições enforcado com abraçadeiras plásticas, sendo o
ideal substituir o isolamento velho ou fazer reparos. Com certeza, em algum
lugar estará faltando algum parafuso: na tampa frontal de algum pressostato, no
quadro elétrico ou na grade do condensador, tente repor todos com o devido
aperto.
9) PMOC: se a manutenção for do tipo preventiva e sem a
necessidade de 'correria', siga o roteiro de manutenção programada do PMOC
(Plano de Manutenção, Operação e Controle) do sistema em questão. Quando falo
em roteiro, me refiro à tabela de verificações de todos os pontos do sistema,
caso não houver um, você pode seguir o roteiro do PMOC modelo do próprio
Ministério da Saúde:
10) Inspeção final: ao concluir o serviço de manutenção, acompanhe pelo
menos a conclusão de um ciclo completo do sistema, ou seja, a obtenção do setpoint e o retorno a operação. Durante o funcionamento,
procure por ruídos anormais, por vazamentos de gás refrigerante e óleo. Se
necessário ajuste novamente o superaquecimento e os pressostatos. No caso de
uma manutenção com a troca de um compressor, condensador ou evaporador,
preencha a ficha de start-up que acompanha o produto com os valores de voltagem, corrente,
pressões e etc. Por fim, adicione a nova ficha de start-up e informações da manutenção na ata ou projeto do
sistema que normalmente fica junto ao painel principal ou controlador.
Ao todo, foram listadas nesses três últimos artigos 30
Boas Práticas de Refrigeração. Partindo
da instalação, passando
pelo Startup e Comissionamento até
chegar a Manutenção.
Fontes consultadas:
Technical Help Guide. Emerson Climate
Technologies.
https://www.chemours.com/Refrigerants/pt_BR/tech_info/guias_retrofit_tech/guia_retrofit.html
Sporlan Quick Tips. March 2007.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_manutencao_equipamentos_rede_frio.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3523_28_08_1998.html
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Até a próxima!
Créditos: Linkedin - Rafael Reinert
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